A Artista
FORMAÇÃO
2010 Pós-graduação em História da Arte – EMBAP – PR
2009 Bacharelado em Escultura – EMBAP – Curitiba – PR
2003 Bacharelado em Ciências Contábeis – UFPR – Curitiba – PR
1994 Bacharelado em Ciências Econômicas – UNIFAE – Curitiba – PR
ANA GODOY
O mundo dá muitas voltas e o que se iniciou na infância como um genuíno encantamento por desenhos, pinturas e esculturas que chegavam a seus olhos, se transformou muitos anos depois na mais consistente escolha profissional de sua vida. Nesse meio tempo, formou-se em magistério, por sentir grande satisfação em ensinar e compartilhar conhecimentos e descobertas. Alguns anos mais de estudo de economia na FAE e Contabilidade na UFPR, reforçados pela prática profissional em instituições financeiras. No entanto, o apelo pelas artes continuava latente, chamando a cada visita à museus, à cada vista de monumentos urbanos, à cada encontro com as artes visuais propiciado pela mídia. E como era inevitável um abandono e um reencontro, aos 33 anos começou tudo de novo, novos horizontes, novas perspectivas, e muito sonho. Retornou à faculdade, desta vez de Escultura, na EMBAP, onde conheceu inúmeros professores e artistas e com eles incontáveis motivos para inspiração. A partir de 2005 começou a frequentar o ateliê de escultura do CCC-Centro de Criatividade de Curitiba e atenta à prática artística do escultor Elvo Benito Damo e da ceramista Maria Helena Saparolli aprimorou seus conhecimentos e sua produção artística. Atualmente desenvolve inúmeras atividades ligadas à produção artística e pesquisas em arte, especialmente direcionadas ao tridimensional.
Durante anos, voltou-se ao domínio da técnica e à pesquisa da expressividade nos mais variados materiais, focando-se, contudo, na fundição em metais, bronze, ferro e alumínio. A fundição em resina também ocupa espaço significativo em sua produção, pela versatilidade de efeitos visuais que proporciona. Desde o início de sua formação, sempre se preocupou com a divulgação e o reconhecimento do artista, participando ativamente de salões e inúmeras exposições de arte, individuais e coletivas. Prestigia e acredita ser de fundamental importância os incentivos culturais dados pelos órgãos públicos, como secretarias de cultura e leis de incentivo e fomento às artes, participando e divulgando esses eventos sempre que possível. Quanto mais a arte chegar próxima aos seus contemporâneos, mais se realiza o fim à que se destina.
Pode-se perceber que a produção escultórica que realiza possui alguns aspectos essenciais: a figuração, o conteúdo sociológico e a materialidade. Sendo assim, sua obra busca dentro dos entes sociológicos o conteúdo intrínseco que expressa o cotidiano contextualizado.
Nas palavras da artista, trago toda a historicidade expressa dentro do conteúdo abordado, e os problemas sociais afloram de forma lúdica, atraente e hipnotizante, porém imanentes à obra, subjacentes, como uma entrelinha que espera para ser “lida”. Para tanto, utilizo-me de várias técnicas de modelagem, moldagem e fundição, diversos materiais clássicos e contemporâneos, como bronze, alumínio, resina, ferro, aço, fibra de vidro, plástico, cerâmica, limalhas e objetos do cotidiano agregados à obra final. O trabalho está intimamente ligado à pesquisa de materiais e de técnicas, buscando as melhores formas de expressar o conteúdo buscado. O material é essencial, pela expressividade que detém, pela transmissão do processo de trabalho, do tempo e da própria falibilidade do material.
Como resultado, obras inspiradas em elementos da vida real, como a figura humana ou até mesmo abstrações, que partem de motivos cotidianos, mas carregam toda uma gama de cultura acumulada. O conteúdo sociológico, inspirado na vida humana e nos valores sociais e históricos, focam trajetórias de vida, realçando sua expressividade e sua força.
Há uma busca entre o fazer e o deixar fazer, quando a obra assume papel preponderante em sua própria existência, uma espécie de geração espontânea ou auto-determinismo induzido, em que é feita uma provocação, indução ao desencadeamento de ações sucessivas internas, testando limites em busca do inesperado ou desconhecido. Nessas ações sucessivas (e alternadas) de controle e acaso, surge um inevitável diálogo entre a obra e o artista, que se pode denominar de escultura investigativa. Para a artista, fazer esculturas é testar possibilidades, levantar hipóteses. A criatividade é uma busca do desconhecido, uma sucessão de tentativas, é surpreender-se diariamente com descobertas que levam a outras descobertas. Fazer esculturas é a miscigenação de possibilidades em que só se descobre o resultado durante o encontro.